domingo, 11 de julho de 2010

MINHA HISTÓRIA DE SUPERAÇÃO

Foi difícil pra mim chegar a essa decisão de expor um pouco da minha vida na fase de muito sofrimento. Resolvi escrever pois, comecei a ver que muitas pessoas precisam de um depoimento ou uma prova viva do que é a depressão.


Tudo começou com uma depressão pós parto. Dois meses após o nascimento do meu filho, tive um problema chamado Psicose puerperal. Essa é uma doença muito rara.

O pós-parto é uma fase crítica para a mulher por causa das violentas mudanças nas taxas hormonais, além de todo o estresse que o parto implica. Inicia um aumento geral na incidência de distúrbios mentais nessa fase, principalmente para quem já sofreu algum problema psiquiátrico antes. A psicose puerperal ocorre na freqüência de um ou dois partos para cada 1000.. Não há relação dessa psicose com a idade da mãe nem com sua cor. Pacientes com transtorno bipolar ou pacientes que tiveram psicose no parto anterior devem tomar medidas preventivas.. A principal causa dos delírios da psicose puerperal está ligada ao bebê. Os temas mais comuns dos delírios são achar que o bebê não nasceu, foi trocado, está morto ou defeituoso. Tentativas de homicídio contra o bebê podem acontecer. A recuperação da psicose está diretamente ligada a história da paciente.

Essa doença toma conta da cabeça da mãe. Ela acaba não reconhecendo mais as pessoas, tentam o suicídio, e perde a vontade de viver.

Essa fase foi a muito de muito sofrimento, mas para mim que estava dopada com uns 15 comprimidos por dia era meio estranha. Sofria com a falta do meu filho, pois ele não podia ficar perto de mim, pois era muito perigoso, mais não sabia realmente oque estava acontecendo comigo ,então.. a família se colocou a frente e ficou com ele por algum tempo, até me fortalecer um pouco.

As medidas que foram tomadas foi... psicanálise, psiquiatra e muito remédio. Fui internada varias vezes nesse período, não conseguia comer também,então comecei a ter outro problema que foi a anorexia.

Nesse período eu não podia segurar meu filho em pé porque caía , e sentada muito menos porque ia caindo para os lados de fraqueza, e também pelos remédios.


Ao longo do tempo fui procurando outros médicos que me proporcionassem uma melhora com menos remédios. Fui mais ou menos a seis psiquiatras diferentes para achar um que acertasse a dosagem do medicamento... então encontrei em Curitiba. Foi um médico muito bom, humano e atencioso que conseguiu tirar alguns remédios mais antigos e colocar outros mais modernos.

Comecei a melhorar... fiquei um bom tempo sem crises. Fui atrás de tudo de me falavam.. igreja, pastor, benzedeiros, centros espírita, enfim... fui tudo que me ofereciam, mas... não fui eu quem quis ir atrás, foi a família que me levava, mesmo contra vontade.



Chegou um período que achei que estava boa, então larguei todos meus remédios... primeiro porque achava que era veneno, e depois porque achava que já estava boa. Aí foi que veio o pior.... a depressão veio três vezes mais forte, porém já estava curada da psicose. Tornei-me uma pessoa triste, infeliz, inferior e incapaz de ver minhas qualidades, pois naquele momento, qualidade não existia.

A depressão se tornou tão sofrida e forte que fui internada novamente...

Quando eu saí do hospital, me dei por conta que sem os remédios eu jamais poderia ser feliz na minha vida, pois sem eles eu ficava muito mal, então aceitei e comecei a tomá-los certinho.



Fique mais ou menos uns dois anos bem... até que derrepente veio uma paralisação no meu corpo no lado esquerdo. Fiquei sem meus movimentos, sem minha feminilidade, sem meu sorriso, e com muito medo de nunca mais poder andar.

Foi muito difícil, pois dependia da família pra tomar banho, comer, escovar meus cabelos e me levar nos lugares. Fiz vários exames.. dos mais doloridos possíveis como choque... até os mais simples, e neles não relatavam nenhum problema nos nervos, nem na cabeça. Então foi diagnosticada uma somatização, fibromialgia e anorexia. Juntaram todos os problemas que minha mente mandou uma ordem para meu corpo de parar, pois fui somatizando todos os problemas, dores que me levaram a bloquear meus movimentos, como se fosse para fugir da vida.


Mas... nessa experiência pude ver o quanto é importante a vida, quanto é importante aproveitar cada minuto, mesmo sem os pés , as mãos, ou qualquer membro do corpo, pois o importante ´estar vivo.

Tive uma grande força dento de mim que começou a mostrar um outro lado que eu não conhecia do ser humano, Pois.. toda vez que ia estacionar , tinha gente no lugar de deficiente físico.. e também o dó que o ser humano tem das pessoas que tem alguma deficiência. Então.. comecei a esquecer a minha auto piedade e fui a luta, comecei a usar muito meu lado bom do corpo e comecei a querer viver. Foi difícil, mas.. venci. Aceitei os tratamentos, Precisava ir à pisciciloga, pisciquiatra, reumatologista , fisioterapia e nutricionista, e só com esses tratamentos eu poderia me levantar.. então aceitei. Fui me esforçando, continuei tomando meus remédios, não tive pressa de sair da cadeira, pois ia vivendo dia a dia e vendo minha melhora.

Essa foi uma fase que hoje eu sei que tinha que passar, pois dava mais valor para as pessoas que não me davam e deixava aqueles que me amavam de lado, e nesse momento eu vi quem eram meus verdadeiros amigos, quem me amava e quem valia a pena cultivar.

Acho que todos temos que passar por alguma coisa difícil que nos mostre alguma coisa, que nos faça acreditar em alguma coisa.

Quero passar minha força para quem esta lendo, quero dizer que podemos começar tudo denovo pois o importante é persistir e ter vontade de vencer e viver pois a vida é uma só e se não vivermos ela.. quando fechar os olhos ela já vai ter passado.